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TUDO SOLTO E MISTURADO


terça-feira, 28 de junho de 2011

A menina dança
E dentro da menina
Ainda dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina
Até o sol raiar


Michael Parkes


Posso ser sincero?

Quando falamos em sinceridade sempre pensamos na ação de dizer algo desagradável a alguém. Iniciamos uma crítica muitas vezes com a expressão “sinceramente”. Inaugura-se com isto a exposição de uma opinião que não está disposta a ser falsa e se declara de antemão com a autoridade da verdade. Junto com ela encena-se certo ar de coragem, como se a sinceridade fosse alguma sorte de franqueza grosseira. O sincero lembra o “grosseiro”, porta-voz de uma verdade bruta – tanto assustadora quanto obrigatória -, como se o delicado fosse falso na exata medida de sua polidez. Com isto demarca-se a sinceridade como um esforço que, além de desagradável a todos, tanto para quem o pratica quanto para quem o recebe, pode ser tanto inútil quanto comprometedor.
Pensa-se, para escapar disso, a sinceridade como algo que não se deveria “praticar”. Algo que é, em si mesmo, ruim. Que só com muito cuidado deveria ser usada. A pergunta que precisamos fazer diante desta evitação da sinceridade é bem óbvia: por que a prática da exposição das opiniões não pode ser vista como uma coisa boa, algo que deveria ser exercido livremente? Que nos faria crescer ética e mesmo psicologicamente? Que ajudaria a descobrir boas experiências, de alegria, de satisfação na convivência com o outro, aquele a quem se dirige nossa sinceridade?
(...)
A acepção atual da sinceridade que sustenta a idéia de um caráter que deveria ser escondido, por não fazer bem a ninguém, ou por não trazer vantagens numa sociedade organizada em relações de troca tanto objetivas quanto afetivas, é precária ao não revelar a riqueza do conceito.
Muitos pensam que, se sou sincero com alguém hoje, posso receber de volta a sinceridade amanhã e isso não define vantagem alguma. Ou posso ser punido por sua ressonância: perder uma oportunidade, um negócio, um emprego, porque sou sincero. A sinceridade parece ser algo que apenas se pode temer, que só estraga a vida, espécie de talismã ao contrário, moeda falsa.
(...)
Sinceridade é, portanto, sinônimo de confissão. Quem se confessa dá testemunho, ou seja, conta algo porque o viveu, porque presenciou um fato e pode narrá-lo. O olhar do sujeito sincero é essencial na elaboração do que ele pode dizer. A confissão religiosa é originariamente um ritual de autoconsciência que envolve um exame de si, uma análise da própria pessoa por conta própria. Aquele que se confessa, porém, deve ter a disposição para libertar-se de si mesmo. Ao mesmo tempo, este gesto implica entregar-se ao outro, seja aos seus olhos, aos seus ouvidos, ao seu cuidado ou, negativamente, ao seu poder.
Infelizmente o poder como dominação não abandona a vida comum. A confissão do outro, seja na religião, seja na política, pode ser usada como arma contra aquele que se confessa. A confissão tem um poder equivalente ao do segredo que lhe é contrário. Alguém apenas entrega o que lhe é íntimo como uma generosa dádiva, ou, ao contrário, sob pressão emocional ou ameaça. Se nas relações mais íntimas os segredos confessados são usados por um contra outro é o valor da sinceridade como o mais íntimo que se pode compartilhar que cai por terra. A sinceridade não pode ser confundida com a mera desculpa diante do que acaba por ser dito sem pensar. A violência verbal e a maledicência muitas vezes são aceitas sob a máscara de sinceridade.
É porque a sinceridade diz respeito ao universo próprio do que pode ser expresso por cada um em seus limites que ela jamais é absoluta, pois ninguém pode saber tudo de si, nem revelar tudo a outrem. O sujeito humano vive do conhecimento de si em tensão com o que, de si, não pode ser conhecido, com o que nele é mistério e silêncio. Aquele que pudesse ser totalmente sincero – falar absolutamente de si ou do sue ponto de vista - ou estaria mentindo ou teria banalizado o poder da sinceridade.

Marcia Tiburi

sábado, 25 de junho de 2011

Saudade.

Estou com muitas saudades de um dia inteiro com você.
Saudades de fazermos as coisas que mais gostamos juntos.
Era tão bom quando acordavamos juntos de manhã, me espreguiçava todinha e você lá fazendo carinho em minha perna, se esticando todo... desligavamos o despertador umas cinco vezes para sonecas intermináveis...  eu levantava já meio atrasada e você vinha me seguindo até o chuveiro, tomavamos um banho bem gostoso. Sempre gostei de te esfregar inteiro com a bucha cheia de sabonete líquido. Macadâmia, nosso aroma predileto nos banhos.
Saíamos os dois apressados, você corria comigo pra eu chegar no trabalho na hora.
Gostava dos dias que decidiamos ir pedalar até a praia de tardinha. Subir as ladeiras do Seixas para termos o prazer de em seguida desce-la juntos. Depois de um banho de mar, adorava ficar deitada te cobrindo todo de areia. Depois faziamos exercicios, umas posturas de ioga, alongamentos... eita coisa boa!
A noite  eu sempre queria ver o que está rolando na cidade pra tentar ir com você assistir um bom filme, um espetáculo de teatro ou música, um bom show... depois rolava uma cervejinha e se eu ouvia uma música rolando, em qualquer boteco te levava a dançar sem parar. Rodopiavamos o salão inteiro quase esquecendo o mundo de gente a nossa volta. Ô coisa boa que é dançar juntinho contigo. Você me faz mecher o corpo como ninguém! Sem você não danço igual, e como amo dançar!
Chegando em casa já ia tirando o teu sapato, a minha roupa, caiamos na cama. A depender das vontades do momento só dormiamos uma hora depois, exaustos e felizes.
Prometo cuidar muito de ti, dar muito carinho.
Tô mesmo com muita saudade de você, pezinho.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Saúde



Asthanga
 
"(...) teus exercícios, pratica-os diariamente com a seriedade de um ritual e com a inflexibilidade e o zelo de um genuíno artista interessado em produzir uma obra genial. A obra genial és tu mesmo, e o artista também!"
Kuut Hume

segunda-feira, 20 de junho de 2011



A Primeira Bailarina - Edgar Degas

Gravurista, pintor, escultor e desenhista do século 19, Vegas tem em suas mais conhecidas obras as bailarinas e mulheres de um modo geral em suas rotinas diárias. Gostava de retratar o movimento do corpo delas. 

Acrofobia


O acrobata é alma de liberdade, o mostra pela escolha aos movimentos no ar.
O acrobata é ser bonito.
Vive se apresentando e trazendo beleza aos olhos de quem o vê se mover:
a beleza de seu corpo em movimento.
O acrobata dedica-se especialmente as acrobacias.
Romances são para ele enlaces múltiplos, diversos, movidos por vontades.O acrobata é o amor de quem canta pra ele?

Quem canta pro acrobata gostaria de tê-lo mais perto, mas tem receio de o querer.
Sabe que o acrobata é ser de liberdade, vive querendo voar longe.
Quem canta tem de ver que também consegue voar longe com sua música.